Olá, tenho pensado ultimamente na flexão lateral, precisamente o exercício mermaid na cadeira (foto ao lado).
Até mais!
Para começar meus questionamentos: Com qual objetivo realizá-lo? Alongamento? De quê? Flexibilidade para quê? Onde se encontra o alongamento axial quando realizamos uma flexão lateral até o seu “extremo”? Quebra-se um princípio do pilates?
Ser flexível é algo muito saudável para o corpo humano. Flexibilidade significa liberdade nos movimentos e regiões menos tensionadas. Nas aulas de pilates, a flexibilidade é um dos benefícios obtidos diretamente, no entanto é importante salientar que nossa vida é feita de fases e nosso corpo também, e assim os níveis de flexibilidade muscular e mobilidade articular evoluem e regridem conforme a idade, estas devem ser respeitadas. O objetivo principal deste post é pensar e falar sobre a mobilidade lateral da coluna vertebral, que como podemos ver na figura acima, é bem grande. E "cutucar" um pouco o assunto alongamento, pois é difícil isolar os assuntos.
Esta mobilidade pode ser mantida, mas com ressalvas, pois se observamo-nos na idade adulta somos alvo de dores na coluna justamente em regiões hipermóveis ou regiões encurtadas, nesse contexto um trabalho de flexibilidade excessivo pode gerar prejuízos a saúde. Estas amplitudes máximas podem ser trabalhadas, em situações de carga mínima (ex: deitado), como sugere Blandine & Lamotte (1992), pois em pé e principalmente sentado (ação da gravidade é 4x maior na coluna) as vértebras ficam bastante instáveis nas flexões laterais (lombar sofre a maior pressão), os discos são pinçados, devemos pensar então em estabilizar esta parte mais móvel (lombar).
Bom, agora pergunto é ideal realizar o mermaid na cadeira em amplitude máxima para alongamento da cadeia muscular lateral em todos as idades (1ª foto)? E os alunos como frouxidão ligamentar, eles se “penduram” para sentir um limiar mínimo de estiramento, daremos um “nó” neles? É preciso aumentar essa frouxidão ligamentar deles?
A partir de um estudo mais detalhado da mobilidade da coluna, me surge todo esse questionamento, eu não quero dizer aqui o que não se pode fazer, veja bem: são questionamentos, conclusões de minhas análises e espero receber quem sabe contribuições suas também. Mas se trata de ao menos refletimos o porquê, quando e como fazer qualquer exercício, nesta ocasião o mermaid.
Então no meio desta discussão qual seria a possibilidade de trabalhar tal exercício? Em particular eu o utilizo com outro foco, visando menos o alongamento da cadeia lateral, e trabalhar mais a mobilidade do gradil costal e o “espreguiçar” da musculatura intercostal, que caso o aluno possua o encurtamento na região, possa até sentir o reflexo de estiramento no dorsal. Outro aspecto é pensar sempre no alongamento axial (crescer) do lado côncavo também, trabalhando assim a musculatura na estabilização. Vejamos um exemplo disso:
1-realizamos a flexão lateral da coluna em nível da torácica (T 11 e T 12) sentimos do lado côncavo (lado de dento do C* ) as costelas flutuantes “entrarem” na cintura e o lado convexo (lado de fora do *C ) alarga-se os espaços intercostais e o conjunto torácico se dilatada (mobilização), lembrar de manter a lombar estabilizada.
2- relaxe o outro ombro do lado côncavo;
3- e agora estique bem os braços, com pouca inclinação, mas na vertical, como se fosse pegar algo no alto. É neste momento que devemos orientar também o aluno, pois tende a dobrar os cotovelos ou inclinar muito, se pendurando na lombar. O aluno sentirá o alongamento do subescapular, redondo maior, intercostais e se ele não for muito alongamento, do dorsal também.
Outra possibilidade, no cadillac estabilzando bem lombar e mobilizando o gradil, como na foto abaixo de minha mestre e amiga Silvia Gomes extraída de seu blog.
Obs. Não estou dizendo que o exercício não deve ser feito nunca, apenas temos que pensar numa progressão pedagógica, propor nas aulas exercícios de estabilização para fortalecer a musculatura profunda e assim suportar uma carga maior, e se o objetivo for mesmo alongar a lateral, por que não fazê-lo em situação de menor carga como no step barrel (decúbito lateral)?
Coloquei outra questão: o princípio do alongamento axial, é “quebrado” quando se realiza o movimento na amplitude máxima (1ª foto)? Bom em outro post vamos falar melhor sobre alongamento axial e tiramos as conclusões. Espero que tenham gostado e aguardo as contribuições de vocês.
Finalizo dizendo que nada é 100%, tudo deve ser questionado, o assunto acima é complexo. Afinal como diz um comercial da teve: "não são as respostas que movimentam o mundo, mas as perguntas".
Fontes de imagens anatomicas e conteúdo: Blandine Calais-Germain. Anatomia para o movimento; Volumes I e II.